Há diversas formas de ser homem. Hoje em dia, podemos reconhecer que a masculinidade é muito mais uma construção social e cultural, um código de conduta, do que determinismo biológico. Aprendemos desde crianças a forma correta pela qual devemos nos portar perante a sociedade e seus indivíduos, um processo cultural de reprodução da maneira esperada de agir e ser.

Neste Sábado dia 18/11/2017 às 15h00, o Clã Guerreiros do Sol e da Lua reuniu-se na última roda do ano. O Foco deste encontro foi rever o que estudamos durante todas as rodas do ano e dialogar a respeito do que se entende por “Sagrado Masculino”, como também qual o papel do homem na sociedade contemporânea e o que entendemos por “Sagrado Feminino”. Elucidando estas questões e logo após dialogando em grande grupo com todos, possibilitou-se uma abertura no que diz respeito ao que cada um considera como “Sagrado” isto também nos permitiu rever as nossas relações pessoais, seja com nossa companheira, companheiro, pai, mãe, ou mesmo quem seja de nosso círculo de convivência.

Após estes estudos e reflexões, praticamos o contato com nossas emoções, reconhecendo quais são as emoções e sentimentos que temos dificuldades de lidar. Logo após buscamos uma solução para as reações que estas questões geram, onde cada homem opinou em como reage quando determinada situação provoca uma emoção difícil de lidar. Assim em momento de partilha, abre-se a possibilidade de um crescimento coletivo e individual. Entre as práticas deste encontro tivemos uma meditação e algumas danças circulares, que nos auxiliam a movimentar as águas paradas, auxiliando assim para que o encontro flua com mais leveza e naturalidade.


Todo homem já ouviu frases como “Seja homem!”, “Aguenta o tranco”, “Deixa de ser mulherzinha!”, entre outras. Todas formuladas na maneira esperada de ser, carregando uma cultura de machismo. O Machismo é a superioridade dos homens e é o que procuramos compreender para desconstruir.

Dentro da possibilidade de estudos em rodas de homens, está a mitologia e toda sua significância psicológica. As vivências com danças circulares e atividades coletivas também são ferramentas para o círculo. Dentro das danças e vivências encontramos uma diversidade cultural tão próxima, que poucos são os que terão contato direto com elas. Estudamos aqui suas significâncias e seus propósitos.

Quando homens se reúnem para dançar, uma postura interna de honra, amor, respeito e seriedade é tomada pela primeira respiração de mãos dadas na roda.

O Xamanismo é um pouco disso, diversidade cultural, sempre com respeito e honra. Pensando assim, podemos caracterizar o próprio homem como sendo xamânico, dotado das várias possibilidades existentes de ser homem.

O propósito da roda é o diálogo. Os requisitos para a roda é levar ao invés de uma mente racional e lógica, levar confiança e coração aberto à mudança.

O pessoal do site PapodeHomem fez um trabalho lindo ao produzir um documentário chamado “Precisamos falar com os homens?”, juntamente com a ONU Mulheres. Neste eles fizeram uma pesquisa com mais de 20.000 homens e mulheres no Brasil, estes foram alguns dos dados ao fim da pesquisa:

7 em cada 10 homens têm dificuldade, em alguma medida, de falar com seus amigos sobre o que realmente sentem, seus medos e dúvidas (fonte: pesquisa “Precisamos falar com os homens?”, 2016)

8 em cada 10 homens reconhecem que cuidam pouco da própria saúde e gostariam de mudar (fonte: pesquisa “Precisamos falar com os homens?”, 2016)

45.5% dos homens gostaria de se expressar de modo menos duro ou agressivo, mas não sabem como (fonte: pesquisa “Precisamos falar com os homens?”, 2016)

45% gostariam de não se sentir obrigatoriamente responsáveis pelo sustento financeiro da casa (fonte: pesquisa “Precisamos falar com os homens?”, 2016)

54% gostariam de ter mais tempo pra se dedicar aos hobbies e prazeres da vida, sem serem julgados como frouxos ou pouco ambiciosos (fonte: pesquisa “Precisamos falar com os homens?”, 2016)

45% gostariam de explorar mais sua sexualidade, seja em relacionamentos casuais ou estáveis — mas não o fazem por medo de serem julgados (fonte: pesquisa “Precisamos falar com os homens?”, 2016)

93.8% dos homicídios no Brasil são entre homens — tivemos quase 60 mil homicídios no último levantamento, é o maior número absoluto do mundo (fonte: Atlas da Violência 2016)

96.3% da população carcerária no Brasil são homens (fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias de 2014)

No Brasil, as mulheres já estudam mais anos, têm melhor desempenho na educação e são maioria nas universidades (fonte: A presença feminina nos cursos universitários e nas pós-graduações: desconstruindo a idéia da universidade como espaço masculino)

Os homens se suicidam quase 4x mais do que as mulheres no Brasil — essa é a principal causa de morte dos homens abaixo de 45 no Reino Unido, por exemplo (fonte: Mapa da Violência Flacso Brasil)

Os homens vivem 7 anos a menos do que as mulheres no Brasil (fonte: IBGE 2015)

9 em cada 10 mortes no exercício da profissão são de homens (fonte: US Department of Labour 2009 — não encontrei dado similar do Brasil; se alguém souber dele, por favor contar nos comentários!)

Homens de 15 a 30 anos têm de 3 a 4.5x mais chances de morrer do que mulheres na mesma idade, de causas não-naturais, como armas, álcool, drogas e acidentes de carro; se o corte for feito com homens negros, os dados assustam ainda mais (fonte: IBGE 2015)

De maneira alguma, com isso, estamos vitimizando os homens. Apenas elucidando a situação atual, sobre questões duras enfrentadas por eles.

Talvez desta forma possamos provocá-los para que conversem mais entre si, dentro de seus círculos de confiança. Também para que criem mais afeto nas relações com as mulheres e possam dialogar de igual para igual, reconhecendo as diferenças e respeitando-as.

O Clã Guerreiros do Sol e da Lua, possui rodas mensais para estudo, diálogo, vivências e danças. Quem sabe cultivando espaços para a transformação do masculino a situação não mude para melhor? Aliás, as próximas serão em 2018 e estarão em forma de evento em nossa página no Facebook, acompanhe-nos por lá, está convidado!

Fonte dos dados: papodehomem.com.br/tedx-como-homens-se-transformam

Compreendendo o Masculino – Ciranda de Encerramento de Ciclo

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